domingo, 8 de abril de 2012

O último Post

“Caráter na longa caminhada é o fator decisivo na vida de um indivíduo e também das nações”
Esse é um trecho do conselho de Theodore Roosevelt aos jovens. Está na entrada de um dos museus da cidade , é um conselho que, acredito, é bem vindo a todos nós, jovens, adultos, senhores e senhoras. Acredito que servirá em qualquer momento na vida. Pois no final, o que fica e o que define o que virá, é o caráter.
Meus pais me ensinaram assim. E a cada dia confirmo essa verdade.



Os EUA, onde estou morando desde o ano passado, é um país fortemente criticado. E eu concordo com algumas dessas críticas, principalmente as relacionadas ao consumismo exagerado. Mas tenho visto (como apostava que veria) um país – ou uma cidade, porque muito do que vi foi Nova York - também extremamente comprometido com a liberdade e a democracia. Aqui há espaço para todos: Portadores de deficiência, Ciclistas, Gays, Vegetarianos, Crudivoristas... seja lá em que grupo você se encaixa, você sempre encontrará um espaço. E para aqueles que se sentem “como um peixe fora d´água”, ou seja, não se adaptam a nenhum grupo etiquetado, aqui tenho certeza que se sentirão bem, com uma sensação de liberdade ou com a sensação de “ninguém está reparando mesmo”, o que é ótimo para a maior parte dessas pessoas.
E aqui ninguém está reparando mesmo! Os americanos, principalmente os novayorkinos, não querem saber se você está bem ou mal vestido, se tem uma cobra no pescoço (sim, aqui há lindos homens passeando com suas lindas cobras ), se está sendo guiada por um pônei (ao invés de um cão-guia).... Alguns encarariam esse comportamento como “individualismo”, o que pode ser uma qualidade ruim... mas alguns outros, como eu, pensam que isso é bom, que é respeito ao espaço do outro....
Cuidar da própria vida, na minha opinião, é o primeiro passo pra quem está afim de fazer um mundo melhor.

Como estou tendo um romance com alimentação saudável aqui, presto atenção em tudo relacionado à comida e uma das coisas que mais me surpreendem é a quantidade de opções dentro de um supermercado. Seja lá o que você queira ou possa comer, será impossível não encontrar dentro de um supermercado em Manhattan. E aí entra a questão do direito dos animais. Por aqui, cada vez mais e mais pessoas, estão completamente interessadas em saber de onde está vindo o que comem. E isso não é a toa. Acontece porque as pessoas estão lendo e se informando sobre o “péssimo” efeito dos hormônios presentes no frango que comem, sobre os pesticidas presentes na fruta que vai virar suco, e até nas emoções presentes e somatizadas nos animais antes de sua morte.

Como exemplo, os consumidores mais exigentes têm feito questão de adquirir ovos não somente orgânicos que garantirá que aquela galinha que botou os ovos comeu somente alimentos sem pesticidas e não modificados geneticamente, mas também procuram por “Cage-free”. "Cage free" significa “Fora da gaiola”, ou seja, isso garante que as galinhas puderam caminhar e até ciscar uns bichinhos durante sua vida de botadeiras profissionais. Sim, pessoal, aqui tem muita gente ciente – e discute sobre –do fato de que numa granja convencional, esses animais são tratados com máquinas, estão ali pra produzir com a máxima eficiência.

E não estou falando estritamente de consumidores vegetarianos. Não. Esse mesmo consumidor, quando vai comer carne também vai querer saber um pouco mais sobre a origem do que está comendo... e quase sempre vai escolher a carne vinda de pequenas propriedades, novamente orgânicas, e comprometidas com a ética no tratamento dos animais durante a vida...

O fato é que esses consumidores não estão se sentindo à vontade em comer alimentos oriundos da produção em alta escala até porque acredita-se que as emoções dos animais estarão presentes no produto final. Tristeza, raiva, agonia, dor, melancolia.... Esse tipo de consumidor não quer comer essas emoções em forma de bifes, ovos, nuggets...

E o que tudo isso gerou foi:
1) Uma disponibilidade imensa de orgânicos. Os preços são – e sempre serão – mais altos que os convencionais. Não há como não ser principalmente porque orgânicos têm que ser produzidos por pequenos produtores. Mas por causa da alta demanda, não são absurdamente mais caros, são acessíveis.

2) Green-markets ou feiras verdes em Manhattan onde os fazendeiros da região trazem seus produtos para serem vendidos diretamente aos consumidores exigentes. Os “pequenos sitiantes” do estado de NY estão felizes.

3) Grandes mercados informam nas prateleiras tudo sobre o produtor. Em um deles, o Whole Foods, tem até foto do sitiante com seu gado no pasto!

4) Conversas e mais conversas sobre alimentação. Acredito que comida seja um dos assuntos preferidos do Novaiorquino hoje em dia! Essa medida tiro pelas livrarias. Não há nenhum setor maior (Pode ter igual, não maior) do que o de “Cook Books” dentro das maiores livrarias.

O principal motivo de ter me tornado uma vegetariana (há cerca de 8 anos atrás) foi que não concordava com o fato de que alguns animais existissem para servir à voracidade humana, a qualquer custo. Já não sou mais uma vegetariana, pois voltei a comer peixe, há uns 3 ou 4 anos.... Respeito, e agora ainda mais, àqueles que precisam comer carne, que têm essa necessidade...Aqui aprendi muito sobre as diferenças humanas em relação à alimentação e continuo acreditando fortemente que os animais não devem servir à voracidade humana, a qualquer custo. A minha conclusão nesse assunto é que seja qual for sua preferência/opção alimentar, sempre haverá espaço para a ética! Sempre.

Me despeço dos meus queridos leitores com esse post. A estudante Maria Amora agora está devidamente diplomada. Os estudos continuam, porque novidades nesse ramo nunca deixarão de aparecer. Entrarei numa nova fase agora, profissionale logo terei prazer em informá-los o meu caminho!

Obrigado por me acompanharem nos últimos meses. Posso afirmar que saio dessa história toda com muita bagagem! E com muita vontade de desenvolver no meu país algumas coisas que vivi aqui....

Maria Amora


Vai encarar?!

As pessoas passando um tempo sob o sol....

Será que essa árvore queria ser uma jabuticabeira? Ou a jabuticabeira é que queria ter um vestido todo rosa assim?

Esse é ou não um bom lugar pra um Pic-Nic depois de uma pedalada?

Vida boa essa da bicicleta

A primavera chegou com tudo em NYC!

Em qualquer ângulo, são as flores que aparecem!

E essa beleza está em todos os jardins da cidade

Tulipas...
Depois de tanto frio... é assim que os Novaiorquinos querem estar.

Eu não me canso de achar esse lugar lindo.

A liberdade da mente é o começo de todas as outras liberdades.

Eu quero ver vocês garotos
Quero vê-los bravos e fortes
Mas eu também quero vê-los gentis e sensíveis.
Sejam práticos assim como generosos em seus ideais. Mantenham seus olhos nas estrelas e os pés no chão.
Coragem, trabalho forte, autodomínio e inteligência
são todos essenciais para uma vida de sucesso.
Caráter na estrada é o fator decisivo na vida de um indivíduo e também das nações.

sábado, 24 de março de 2012

O Estágio

Com o curso chegando ao fim, estava na hora de me dedicar ao estágio de 100 horas que eu devo completar para conseguir ter acesso ao meu diploma, e me tornar assim uma chef diplomada... o que não me transforma em chef, já que esse é o posto máximo na hierarquia de um restaurante e que deve ser alcançado por mérito.

Então por enquanto sou uma chef que não é chef, e ainda por cima sem diploma!! Ou, ainda, sou uma “chef que não é chef” estagiária dentro da cozinha de um restaurante. O que isso significa? Significa que na hora de preparar os ingredientes para os elegantes pratos da noite... alguém vai ter que cortar todas as cebolas, as cenouras, os salsões, descascar as batatas e tirar as folhas espinhentas das alcachofras...E quem será essa pessoa? Vocês já devem saber a resposta.

Então me lancei à missão de encontrar uma vaga pra mim entre os 7140 restaurantes de NY. Em cada um que eu quisesse avaliar, eu teria que agendar um “trail” com o chef (aí sim, o chef) responsável. Sendo assim, fiz uma série de “trails” que duravam em média 6 horas (em um dos restaurantes, cheguei a ficar 12 horas). Acredito que o principal motivo de existência de um trail seja pra você se sentir no céu quando virar estagiário. Porque fazer trail é ruim, muito ruim. E por que? Porque você chega ali no restaurante, sem conhecer ninguém , e o chef te joga nas mãos de alguém que não está nem um pouco a fim de ter o trabalho de te ensinar, pois afinal nem é certeza que você vai ficar lá. E aí você é convidado a estes maravilhosos trabalhos rejeitados por todos: “Ir buscar cebolas no refrigerador (os refrigeradores nos restaurantes de NYC geralmente se encontram 2 ou até 3 andares abaixo do chão)”, “Descascar as beterrabas (O que fará com que seus dedos fiquem Pink por uma semana)” “Ir buscar mais batatas no refrigerador (Porão!!)” “cortar vegetais na espessura de uma folha de papel usando um mandolin” – Para essa última atividade desconfio que role um “bolão” entre os funcionários mais experientes do restaurante... é quase certo que o aluno que está em trail vai se cortar, porque mandolin (japonês ou francês) fatia mesmo os dedos dos pobres candidatos a estágio. Então para uma melhor verificação da habilidade (ou melhor: "falta de habilidade") do aluno, eles geralmente pedem pra fatiar um legume bem escorregadio, como uma cebola ou muito “simples”, como uma couve flor. E em certo momento o aluno vai se cortar. E vai ficar tentando fazer o sangue coagular com a força do pensamento pra que ninguém veja aquele fiasco.

Exemplo da minha reação padrão depois de cada trail:
Por que foi que tive essa Piii infeliz idéia de vir aprender a cortar cebola nesse Piiiii país de Piiiii, com esse povo de Piiiii. E de ter que cortar essa tonelada de cebola Piiiiiii, e eu quero ir embora pra casa, porqu eu Piiiiii esse lugar. E que esse país de Piiiiii , com todas essas pessoas imigrantes de Piiiii com todos os cidadão de Piiiiii vão pra Piiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!!!! Vou embora desse lugar!!! Odeio chefs, Odeio comida, Odeio cozinheiros e odeio Tudooooo!! Odeio até revistas de culinária!
Até Cheesecake eu odeio! (Opa! Aí não...!)
Ufa...!

Felizmente esse efeito demora o mesmo tempo dos trails pra passar... se for um trail de 8 horas, sei que demorarei 8 horas pra parar de xingar a tudo, a todos e, principalmente, a mim mesma.

Bem, foi assim que cheguei ao Mercer Kitchen, que é o restaurante onde ocupo o importante posto de estagiária atualmente. Acertei a mão. O Mercer Kitchen fica no elegante bairro do Soho e está localizado no andar subterrâneo do hotel Mercer. Este restaurante pertence ao premiado chef Jean Georges Vongerichten que possui outros 15, espalhados nas principais capitais do mundo (Ainda não no Brasil). No SOHO este restaurante é freqüentado por algumas celebridades e VIPs. Até agora apareceram clientes como o Jim Carrey (que vai lá sempre comer o renomado “Mercer Burger”) e a Lindsay Lohan (A loira hollywodiana que sempre se mete nas manchetes policiais). Em uma das noites, o príncipe e princesa da Noruega jantaram lá (Bem... não deixam de ser VIP, não é?).

A comida é maravilhosa. E as pessoas são bacanas, me ensinam bastante. É claro que corto muita cebola com o mandolin (Já não me corto mais), mas também tenho outras funções mais interessantes: Posso engrossar uma salsa do peixe, posso colocar os peixes no vapor, posso montar os pratos que vão pra mesa, posso fazer omeletes franceses, posso refogar os legumes... são tantas as coisas que posso fazer e, dependendo do cozinheiro responsável pela praça que estou, faço coisas mais ou menos interessantes. Alguns deles permitem que eu execute receitas inteiras.

Ah! E o melhor: Posso experimentar tudo que quiser!! E sempre que alguém erra em algum pequeno ingrediente e o chef lança o prato de volta pra dentro, alguém oferece ao estagiário aquele prato reprovado no controle de qualidade!

Com as fotos tento mostrar um pouco das minhas andadas por aqui! Um beijo pra todos e até a próxima!

Maria Amora


Mandolin Japonês fatiador de dedos de estagiários.

Mandolin Francês. Com esse o negócio é ainda pior... sem cuidado ele pode arrancar o dedo fora!

Uma das entradinhas do Mercer Kitchen

Outra entrada no Mercer

Adoro essa cidade!

Cachorrinho Hostess aguardando o próximo cliente!

Cup Cakes

Algumas das VIPs que jantam no Mercer

No Jardim Botânico do Bronx a primavera chegou mesmo!









E o Central Park consegue ficar ainda mais bonito!

domingo, 4 de março de 2012

Macacos me mordam!

É quase primavera por aqui… e quando passamos por um inverno rigoroso como o americano, a próxima estação é esperada com muita ansiedade... e eu estou muito curiosa para ver as folhas das árvores da "Big Apple" nascerem.

Um pouco antes da minha graduação, eu comecei a sentir as dores na minha coluna cervical. As mesmas que me acompanham de tempos em tempos há uns anos. Isso aconteceu exatamente durante os trabalhos pro nosso “Friday Night Dinner”, que mostrei no último post.

Quando comentei com o Stevenson, ele me sugeriu que eu procurasse a Claret, uma professora de “Alexander´s Technique”.

Pequenas explicações necessárias pro entendimento deste post:
Stevenson – Meu grande amigo durante todo o curso. Uma das pessoas mais especiais que encontrei por aqui. Tenho certeza que é o amigo que levarei durante toda a minha vida... Providencialmente, é psiquiatra também!!! (Podem rir meus amigos, e dizer que era disso mesmo que eu precisava)

Alexander´s Technique – É uma técnica que nos ensina a ter consciência do uso de nosso corpo... basicamente, a técnica tem me ensinado como eu vou evitar, depois de algumas aulas, uma ação instintiva de levantar meus ombros ao mesmo tempo que, involuntariamente, enrijeço meu pescoço e outros músculos do meu torso. Com essa técnica estou estou constatando que faço esse movimento prévio pra qualquer coisa que pretenda fazer: Sentar, levantar, andar, deitar, andar de bicicleta, correr, pegar objetos no alto ou embaixo.

Minha professora também me disse que esse é um movimento instintivo que herdamos dos tempos em que éramos primatas. Nossos amigos macacos, até hoje, quando vão saltar de um galho pra outro, levantam os ombros na tentativa de proteger o pescoço e a coluna em caso de uma queda... e de proteger as próprias vidas, nesse caso.

Bem, o fato é que eu, quando salto de um galho pra outro aqui pelas vilas de NY, faço igualzinho aos nossos amigos macacos. E isso acaba provocando essa rigidez muscular... o que termina em dores na coluna. A Claret tem me ensinado (na verdade tem explicado diretamente à minha mente) de que eu não estou correndo risco de vida e que eu também não estou no meio da floresta.

E isso tem funcionado... porque eu não tive mais dores na coluna desde que comecei a vê-la.

Depois das explicações, vamos voltar ao momento em que o Stevenson me sugeriu a Claret:

“Maria Amora, GO to see Claret! She can fix you”, ele disse.
“Really?” eu respondi
“For sure!” ele confirmou

Então, depois de passado o jantar de formatura, já que minha coluna continuava doendo mesmo, marquei um horário para a tal “técnica do Alexandre”. Ao chegar ao endereço, um prédio de luxo localizado na Broadway, eu pensei pela primeira vez que aquilo talvez custasse muito além do que minhas apertadas finanças estudantis permitiriam pagar.
Subi mesmo assim, me questionando: “Maria Amora!! Porque você não perguntou o preço antes??!” Ao entrar no apartamento, me surpreendi com a beleza do lugar... Aquele era um apartamento dos sonhos! Trata-se de um Loft de 2 andares. O piso de madeira e os móveis antigos dão aquele ar vintage ao ambiente... que não deixa de ter toda a tecnologia moderna, inspirando aconchego. A sala tem um pé-direto referente aos 2 andares (o que é alto, muito alto) e aos fundos, depois de passar a cozinhar você tem os quartos – no segundo andar... Tudo meio emendado, mas com a privacidade necessária pra cada cômodo. Ah... e o escritório onde ela atende os alunos, é todo de vidro, com vista pra rua.

Depois de conversar com a americana Claret e dela me dizer que é especialista da técnica a 30 anos, perguntei o valor das aulas: Cento e setenta dólares. Por hora (!!!). E ela me disse que eu precisaria estar lá 3 horas por semana (!!!). Em tom de despedida, agradeci a ela e disse que pensaria a respeito... Foi quando ela me fez a proposta:

“Maria Amora, eu estive presente no jantar que você e seu grupo prepararam na escola na ultima sexta-feira. A comida estava maravilhosa. Parabéns! Você gostaria de cozinhar pra mim em troca das aulas?”

E foi assim que arrumei meu primeiro trabalho em NY como um "Private chef". Recebendo não em dólar, mas trabalhando em troca de serviço: “Exchanging”... Me fez lembrar que esse foi o jeito que nasceu o comércio, em muitos lugares do mundo: “Eu troco açúcar por cravo da índia” “E eu troco tecido por água de coco” “E eu troco esse acarajé por essa farinha de puba”. E por aí vai... e assim foi! Que os historiadores me perdoem por esse parágrafo.

Tenho cozinhado muito aos sábados ao som de barítonos, sopranos e tenores. É que esta técnica é muito utilizada por cantores... e a Claret é também professora de canto. Então embalada nesta cantoria clássica ao som do piano, em 4 sábados já cozinhei mais do que fiz no último ano inteiro no Brasil..! E tem valido muito a pena, porque ela também me corrige quando estou cozinhando: “Maria Amora, pare de forçar seu corpo a te impedir de fazer o que você ama. Nosso corpo só pode nos impedir de fazer aquilo que nos faz mal!” Filosofa Claret, consertando minha postura, enquanto eu tento tirar algum assado de dentro do forno, com os meus ombros de macaco.

E, falando em comida... foram 20 dias ininterruptos de restaurant week em New York. Evento que me deu a oportunidade de comer em alguns dos mais famosos restaurantes pagando bem barato. Vou deixar vocês com algumas fotos!

Um abração a todos!

Os macacos levantam os seus ombros e contraem seus músculos quando pulam de galho em galho... e é daí que herdamos esse mau-hábito. Não nos serve pra nada já que não pulamos de galho em galho, entende? Somente provoca dores na coluna...

Macacos não tem o hábito de tomar sorvete de morango, baunilha e chocolate... Isso seria um mau - hábito pra eles... já pra nós... bem, depende da qualidade do sorvete!

Sopa de cogumelos no restaurante italiano

sobremesa do restaurante italiano (Opa! Mordi antes da foto!!!)

Prato de uma amiga... tem foie Gras.... especiaria que eu não como por princípios éticos.

Prato principal do francês (o meu prato): arroz negro com escalopes.

Prato de outra amiga no francês

sobremesa no francês

mais uma sobremesa... não é linda essa?

Nhoque no italiano

Ceviche no peruano

sushi no japonês

Procurando por folhas nas árvores do Harlem... quase primavera...!

Noite na Union Square.... Intensifiquei minhas caminhadas depois desses 20 dias de orgias culinárias...

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Dinner at Tiffany´s

Já passamos a primeira parte de fevereiro, estamos em pleno carnaval brasileiro... e já faz quase 30 dias que eu não posto aqui no Maria Amora. Mas como vivo no calendário brasileiro, meu ano começará também depois do carnaval... aliás, deixemos de brincadeiras, o ano de todos nós brasileiros (excessão feita a alguns políticos) começou bem no comecinho do ano... mas o pós – carnaval realmente dá aquele fôlego extra...! O que só é positivo.

Com esse post inauguro a nova cara do nosso BLOG!

Meu grande amigo e fotógrafo Fernando Pilatos me presenteou com essa grandiosa foto tirada da amoreira do recanto da família Pilatos, em Santo André. As amoras dessa amoreira já originaram muitas tortas deliciosamente preparadas pela grande chef Luisa Paiva ... e agora as já famosas amoras vão enfeitar meu material profissional, começando por esse humilde blog!

Gostaria que vocês, meus colaboradores, comentassem se gostaram da nova cara... e também de ouvir quaisquer opiniões!

No último dia vinte e sete de janeiro participei da minha cerimônia de formatura... Fazia tempo desde a ultima vez e eu confesso que tinha esquecido como é legal esse tipo de evento..! Foi um jantar muito bonito e até um pequeno discurso em Inglês eu fiz...! Relembrei junto aos meus colegas, família e convidados, como foi sofrido aquele começo do curso, onde passei pelo menos uma semana sem entender 97% do que era ensinado... e me movia imitando os outros: Quando todos levantavam, eu me levantava... Quando todos sentavam, eu me sentava. No pequeno discurso eu comentei como estava orgulhosa de ter tido força por continuar lá, com aquele grupo.... como me senti presenteada por ter ao meu lado pessoas tão especiais, meus “classmates” (colegas de classe). Algumas dessas pessoas levarei pra sempre em meu coração, e carrego a esperança de receber algumas visitas desses futuros chefs no Brasil, ou em algum lugar do mundo.... acredito que cozinharemos juntos nas cozinhas da vida.

Antes dessa formatura tivemos um trabalho bem complexo que foi terminar nosso "Friday Night Dinner"... Aqueles que acompanham meus textos por aqui, lembram-se que a escola se abre para o público nas sextas-feiras para um jantar de menu fechado, de 3 cursos... e o trabalho final do meu curso é exatamente criar esse jantar. Um baita trabalhão, mas o nosso acabou sendo um sucesso.

Nós baseamos nosso menu nos anos 50. O nomeamos de “Dinner at Tiffany´s”. O nome foi uma brincadeira lembrando o filme “Breakfast at Tiffany´s”, um filme que no Brasil foi chamado de “Bonequinha de Luxo”, que mostra uma lindíssima Audrey Hepburn vivendo na glamourosa New York do final dos anos 50. A partir daí foi relativamente fácil criar o menu, fizemos versões vegetarianas de algumas receitas servidas nos finos restaurantes da época. E pro desafio ficar ainda maior, optamos de fazer um jantar totalmente “Gluten-free”, além de vegetariano. Isso significou que não pudemos usar nenhum derivado de leite ou ovos (manteiga nem pensar), e nenhuma farinha de trigo ou derivado dela. Nenhuma aveia foi usada também, pois normalmente há contaminação por trigo na aveia. Pode parecer simples, mas fazer um jantar gourmet INCRIVELMENTE SABOROSO sem esses ingredientes não é fácil...

Nós recriamos uma atmosfera dos anos 50 naquelas salas de aula que servem de restaurante, as garçonetes (todas alunas da escola) vestiram-se de preto e adornaram-se com pérolas. Nas mesas, lindas rosas encarnadas deitavam-se sobre a toalha branca, ao lado de castiçais prateados.
Eu e meus 7 classmates, os chefs da noite, trabalhamos duramente na cozinha para que tudo saísse perfeito. Funcionou: Os 100 clientes da noite maravilharam-se com todos os cursos do jantar...

Nesse dia, sem que ninguém soubesse, jantava lá um blogueiro ligado ao New York Times. Ele é uma espécie de crítico culinário e seus posts são bastante lidos pelos chefs novayorkinos. A crítica que ele postou, eu colocarei no final desse post. Aqui segue a tradução de um pequeno trecho:

“... De maneira geral, eu me impressionei com o jantar. Tudo estava incrivelmente fresco, e eu realmente gostei da variedade de sabores em cada curso.
E quando o jantar terminou, os chefs vieram para o salão de jantar e nós ainda pudemos questioná-los sobre como os pratos foram preparados. Isso não é maravilhoso?
...
Eu tive uma impressão extremamente favorável do Friday Night Diner nessa escola.
...
Se você estiver procurando por alguma diversão e por algo diferente para se fazer na cidade de NYC, definitivamente tente ir a algum desses jantares. Você se deliciará com uma comida fantástica e encontrará pessoas realmente interessantes...”

Agora... as fotos! Que eu acho que falam tudo... Sei que minha crítica é suspeita, mas essa foi uma das refeições gourmet mais saborosas que provei na minha vida. E olha que eu acabo de sair de 20 dias de restaurant week aqui em NYC... Bom, mas essa é outra história... para um outro post.

Um beijão pra vocês. E um excelente carnaval brasileiro... eu por aqui fico no friozinho que não é tanto... invejando as havaianas e os pés nas areias brasileiras!

Maria Amora

O Menu



E dá-lhe legumes para o "meat loaf" vegetariano... O Bolo de carne era bastante popular nos anos 50....


Os cogumelos que originarão um consomme incrível...!

Os blinis que receberão o caviar em cima... detalhe: caviar de algas... blinis sem farinha!

Mais preparações... são 2 dias inteiros de trabalho para deixar tudo pronto para sexta-feira à noite!

e esses vão para a sobremesa... Os cones têm que ser enrolados ainda quentes... queimei todas as pontas dos meus dedinhos, mas valeu a pena!

Esses serviram como Amuse-buche no nosso jantar. Amuse-buche é um termo para um "Pré-aperitivo" servido à escolha do chef... E nós escolhemos fazer esse Martini (Kombucha + suco de romã) e o caviar de algas... uhm....

O caviar saindo em alta produção!

E agora sim.. a entrada! Salada Waldorf... e consommè de cogumelos. Todos os ingredientes do jantar são orgânicos, geralmente locais e sazonais!

O prato principal...! O "meat-loaf" na verdade era um bolo de Quinoa e tempeh, com muito tempero e com pimentinha arretada... uma delícia!

A sobremesa!!! Banana boat com sorvete com base de leite de coco... muuuuuiiiito bom!



E aí está o texto super positivo do crítico culinário. A leitura é pra quem está com vontade de gastar um pouco o velho inglês:


" My Friday Night Dinner at The Natural Gourmet Institute in NYC
Written by Max Goldberg on January 23, 2012. The Natural Gourmet Institute, a cooking school in NYC that places a very strong emphasis on organic, hosts Friday night dinners that are open to the public.

I had been hearing very good things about these fixed-price, four-course dinners at The Natural Gourmet Institute and finally decided to check it out last week. Here’s what I had:

HIJIKI CAVIAR BLINI



This was a very clever use of hijiki, a sea vegetable that I enjoy a lot.

WALDORF SALAD & MUSHROOM CONSOMME WITH GARLIC TOAST



While the salad may appear to have a heavy cream sauce, the dressing is actually dairy-free and made from cashew milk. The soup provided great balance to the crisp and refreshing salad.

TEMPEH-QUINOA LOAF SUPREME



It was a little embarrassing when this meal was served because I devoured it in about 10 seconds while everyone else had barely eaten a bite of their food.

I have had a ton of quinoa and a decent amount of tempeh in my life but never together in a loaf. It really worked and had fantastic texture and flavors.

Alongside the quinoa-tempeh loaf were kale, green beans, onion rings, and a potato, Jerusalem artichoke and cauliflower duchesse.

BANANA BOAT SUNDAE



As with everything else in this meal, the dessert was dairy-free. Coconut milk was the base ingredient, and brown rice syrup was the main sweetener.

This dairy-free/sugar-free ice cream sundae was rich and decadent.

—–

Overall, I was very impressed with the meal at The Natural Gourmet Institute. Everything was incredibly fresh, and I really liked the variety of the flavors presented in each course.

And once the meal was over, the chefs came out and we were able to ask them questions about how the food was prepared. How great is that?

While I have never taken any cooking classes at The Natural Gourmet Institute, I would like to do so soon and left my Friday dinner with an extremely favorable impression of the school.

If you’re ever looking for something fun and different to do on a weekend in NYC, definitely give these Friday night dinners at The Natural Gourmet Institute a try. You’ll eat some fantastic food and meet some really interesting people"

The End