É quase primavera por aqui… e quando passamos por um inverno rigoroso como o americano, a próxima estação é esperada com muita ansiedade... e eu estou muito curiosa para ver as folhas das árvores da "Big Apple" nascerem.
Um pouco antes da minha graduação, eu comecei a sentir as dores na minha coluna cervical. As mesmas que me acompanham de tempos em tempos há uns anos. Isso aconteceu exatamente durante os trabalhos pro nosso “Friday Night Dinner”, que mostrei no último post.
Quando comentei com o Stevenson, ele me sugeriu que eu procurasse a Claret, uma professora de “Alexander´s Technique”.
Pequenas explicações necessárias pro entendimento deste post:
Stevenson – Meu grande amigo durante todo o curso. Uma das pessoas mais especiais que encontrei por aqui. Tenho certeza que é o amigo que levarei durante toda a minha vida... Providencialmente, é psiquiatra também!!! (Podem rir meus amigos, e dizer que era disso mesmo que eu precisava)
Alexander´s Technique – É uma técnica que nos ensina a ter consciência do uso de nosso corpo... basicamente, a técnica tem me ensinado como eu vou evitar, depois de algumas aulas, uma ação instintiva de levantar meus ombros ao mesmo tempo que, involuntariamente, enrijeço meu pescoço e outros músculos do meu torso. Com essa técnica estou estou constatando que faço esse movimento prévio pra qualquer coisa que pretenda fazer: Sentar, levantar, andar, deitar, andar de bicicleta, correr, pegar objetos no alto ou embaixo.
Minha professora também me disse que esse é um movimento instintivo que herdamos dos tempos em que éramos primatas. Nossos amigos macacos, até hoje, quando vão saltar de um galho pra outro, levantam os ombros na tentativa de proteger o pescoço e a coluna em caso de uma queda... e de proteger as próprias vidas, nesse caso.
Bem, o fato é que eu, quando salto de um galho pra outro aqui pelas vilas de NY, faço igualzinho aos nossos amigos macacos. E isso acaba provocando essa rigidez muscular... o que termina em dores na coluna. A Claret tem me ensinado (na verdade tem explicado diretamente à minha mente) de que eu não estou correndo risco de vida e que eu também não estou no meio da floresta.
E isso tem funcionado... porque eu não tive mais dores na coluna desde que comecei a vê-la.
Depois das explicações, vamos voltar ao momento em que o Stevenson me sugeriu a Claret:
“Maria Amora, GO to see Claret! She can fix you”, ele disse.
“Really?” eu respondi
“For sure!” ele confirmou
Então, depois de passado o jantar de formatura, já que minha coluna continuava doendo mesmo, marquei um horário para a tal “técnica do Alexandre”. Ao chegar ao endereço, um prédio de luxo localizado na Broadway, eu pensei pela primeira vez que aquilo talvez custasse muito além do que minhas apertadas finanças estudantis permitiriam pagar.
Subi mesmo assim, me questionando: “Maria Amora!! Porque você não perguntou o preço antes??!” Ao entrar no apartamento, me surpreendi com a beleza do lugar... Aquele era um apartamento dos sonhos! Trata-se de um Loft de 2 andares. O piso de madeira e os móveis antigos dão aquele ar vintage ao ambiente... que não deixa de ter toda a tecnologia moderna, inspirando aconchego. A sala tem um pé-direto referente aos 2 andares (o que é alto, muito alto) e aos fundos, depois de passar a cozinhar você tem os quartos – no segundo andar... Tudo meio emendado, mas com a privacidade necessária pra cada cômodo. Ah... e o escritório onde ela atende os alunos, é todo de vidro, com vista pra rua.
Depois de conversar com a americana Claret e dela me dizer que é especialista da técnica a 30 anos, perguntei o valor das aulas: Cento e setenta dólares. Por hora (!!!). E ela me disse que eu precisaria estar lá 3 horas por semana (!!!). Em tom de despedida, agradeci a ela e disse que pensaria a respeito... Foi quando ela me fez a proposta:
“Maria Amora, eu estive presente no jantar que você e seu grupo prepararam na escola na ultima sexta-feira. A comida estava maravilhosa. Parabéns! Você gostaria de cozinhar pra mim em troca das aulas?”
E foi assim que arrumei meu primeiro trabalho em NY como um "Private chef". Recebendo não em dólar, mas trabalhando em troca de serviço: “Exchanging”... Me fez lembrar que esse foi o jeito que nasceu o comércio, em muitos lugares do mundo: “Eu troco açúcar por cravo da índia” “E eu troco tecido por água de coco” “E eu troco esse acarajé por essa farinha de puba”. E por aí vai... e assim foi! Que os historiadores me perdoem por esse parágrafo.
Tenho cozinhado muito aos sábados ao som de barítonos, sopranos e tenores. É que esta técnica é muito utilizada por cantores... e a Claret é também professora de canto. Então embalada nesta cantoria clássica ao som do piano, em 4 sábados já cozinhei mais do que fiz no último ano inteiro no Brasil..! E tem valido muito a pena, porque ela também me corrige quando estou cozinhando: “Maria Amora, pare de forçar seu corpo a te impedir de fazer o que você ama. Nosso corpo só pode nos impedir de fazer aquilo que nos faz mal!” Filosofa Claret, consertando minha postura, enquanto eu tento tirar algum assado de dentro do forno, com os meus ombros de macaco.
E, falando em comida... foram 20 dias ininterruptos de restaurant week em New York. Evento que me deu a oportunidade de comer em alguns dos mais famosos restaurantes pagando bem barato. Vou deixar vocês com algumas fotos!
Um abração a todos!
Os macacos levantam os seus ombros e contraem seus músculos quando pulam de galho em galho... e é daí que herdamos esse mau-hábito. Não nos serve pra nada já que não pulamos de galho em galho, entende? Somente provoca dores na coluna...
Macacos não tem o hábito de tomar sorvete de morango, baunilha e chocolate... Isso seria um mau - hábito pra eles... já pra nós... bem, depende da qualidade do sorvete!
Sopa de cogumelos no restaurante italiano
sobremesa do restaurante italiano (Opa! Mordi antes da foto!!!)
Prato de uma amiga... tem foie Gras.... especiaria que eu não como por princípios éticos.
Prato principal do francês (o meu prato): arroz negro com escalopes.
Prato de outra amiga no francês
sobremesa no francês
mais uma sobremesa... não é linda essa?
Nhoque no italiano
Ceviche no peruano
sushi no japonês
Procurando por folhas nas árvores do Harlem... quase primavera...!
Noite na Union Square.... Intensifiquei minhas caminhadas depois desses 20 dias de orgias culinárias...
Prazer imenso poder palpitar sobre suas postagens, Macacos me mordam se eu ficar novamente distante tanto tempo sem postar comentários. Maria Amora, achei muito interessante sua informação sobre a postura corporal, baseada na tecnica Alexander .Agora com relação aos pratos consumidos !!! Jesus !!! Bom demais!!! Beijos Ana Capri
ResponderExcluirA técnica Alexander é maravilhosa... mas nesse começo é também cansativa... ela nos obriga a passar a pensar em tudo que somos acostumados fazer no automático: "sentar, levantar, deitar, andar...." Isso dá uma sobrecarregada daquelas! Mas estou apostando que terei bons resultados!! Beijão Ana Capri
ExcluirA sopa de cogumelo e o Nhoque italiano me deram agua na boca. MAmora , foi um prazer imenso ler mais um post seu. Parabens por estar cumprindo todas as etapas a que se propôs. O metodo Alexander é muito real, nos lembrando como vamos perdendo através do nosso viver/envelhecer, hábitos naturais em nossas vidas. E tão prejudiciais !!!
ResponderExcluirBeijos
AHAHAH questo é un vero italiano!!
ExcluirOla Maria Amora, e a primeira vez que faco comentarios neste blog. Esto até nervosa. Incrivel como te conhecendo tão bem, vejo que vc não mudou nada. A mesma perspicaz amiga de sempre. Parabéns pelos posts . Estou achando suas historias MUITO legais. Adorando. Um grande beijo com muitas saudades....
ResponderExcluirGi
Hello Gi!!
ExcluirNice to meet you here my dear friend!
I am glad you liked... and thanks for the sweet words! beijitos mil
É realmente fantástico quando no nosso caminho aparecem pessoas fantásticas que são capazes de dar o melhor de sí, em troca do melhor de nós... Isso retiro deste episódio, mostra do bom caminho que percorre Maria...
ResponderExcluirAdorei o sushi... Parece tão fresco!...
Estou começando a notar e tentar eliminar o efeito macaco em mim...rsrsrs
Transmito aqui a minha gratidão a Maria e se possível a Claret!... :)
Bjs!
Marcos Liotti