domingo, 8 de abril de 2012

O último Post

“Caráter na longa caminhada é o fator decisivo na vida de um indivíduo e também das nações”
Esse é um trecho do conselho de Theodore Roosevelt aos jovens. Está na entrada de um dos museus da cidade , é um conselho que, acredito, é bem vindo a todos nós, jovens, adultos, senhores e senhoras. Acredito que servirá em qualquer momento na vida. Pois no final, o que fica e o que define o que virá, é o caráter.
Meus pais me ensinaram assim. E a cada dia confirmo essa verdade.



Os EUA, onde estou morando desde o ano passado, é um país fortemente criticado. E eu concordo com algumas dessas críticas, principalmente as relacionadas ao consumismo exagerado. Mas tenho visto (como apostava que veria) um país – ou uma cidade, porque muito do que vi foi Nova York - também extremamente comprometido com a liberdade e a democracia. Aqui há espaço para todos: Portadores de deficiência, Ciclistas, Gays, Vegetarianos, Crudivoristas... seja lá em que grupo você se encaixa, você sempre encontrará um espaço. E para aqueles que se sentem “como um peixe fora d´água”, ou seja, não se adaptam a nenhum grupo etiquetado, aqui tenho certeza que se sentirão bem, com uma sensação de liberdade ou com a sensação de “ninguém está reparando mesmo”, o que é ótimo para a maior parte dessas pessoas.
E aqui ninguém está reparando mesmo! Os americanos, principalmente os novayorkinos, não querem saber se você está bem ou mal vestido, se tem uma cobra no pescoço (sim, aqui há lindos homens passeando com suas lindas cobras ), se está sendo guiada por um pônei (ao invés de um cão-guia).... Alguns encarariam esse comportamento como “individualismo”, o que pode ser uma qualidade ruim... mas alguns outros, como eu, pensam que isso é bom, que é respeito ao espaço do outro....
Cuidar da própria vida, na minha opinião, é o primeiro passo pra quem está afim de fazer um mundo melhor.

Como estou tendo um romance com alimentação saudável aqui, presto atenção em tudo relacionado à comida e uma das coisas que mais me surpreendem é a quantidade de opções dentro de um supermercado. Seja lá o que você queira ou possa comer, será impossível não encontrar dentro de um supermercado em Manhattan. E aí entra a questão do direito dos animais. Por aqui, cada vez mais e mais pessoas, estão completamente interessadas em saber de onde está vindo o que comem. E isso não é a toa. Acontece porque as pessoas estão lendo e se informando sobre o “péssimo” efeito dos hormônios presentes no frango que comem, sobre os pesticidas presentes na fruta que vai virar suco, e até nas emoções presentes e somatizadas nos animais antes de sua morte.

Como exemplo, os consumidores mais exigentes têm feito questão de adquirir ovos não somente orgânicos que garantirá que aquela galinha que botou os ovos comeu somente alimentos sem pesticidas e não modificados geneticamente, mas também procuram por “Cage-free”. "Cage free" significa “Fora da gaiola”, ou seja, isso garante que as galinhas puderam caminhar e até ciscar uns bichinhos durante sua vida de botadeiras profissionais. Sim, pessoal, aqui tem muita gente ciente – e discute sobre –do fato de que numa granja convencional, esses animais são tratados com máquinas, estão ali pra produzir com a máxima eficiência.

E não estou falando estritamente de consumidores vegetarianos. Não. Esse mesmo consumidor, quando vai comer carne também vai querer saber um pouco mais sobre a origem do que está comendo... e quase sempre vai escolher a carne vinda de pequenas propriedades, novamente orgânicas, e comprometidas com a ética no tratamento dos animais durante a vida...

O fato é que esses consumidores não estão se sentindo à vontade em comer alimentos oriundos da produção em alta escala até porque acredita-se que as emoções dos animais estarão presentes no produto final. Tristeza, raiva, agonia, dor, melancolia.... Esse tipo de consumidor não quer comer essas emoções em forma de bifes, ovos, nuggets...

E o que tudo isso gerou foi:
1) Uma disponibilidade imensa de orgânicos. Os preços são – e sempre serão – mais altos que os convencionais. Não há como não ser principalmente porque orgânicos têm que ser produzidos por pequenos produtores. Mas por causa da alta demanda, não são absurdamente mais caros, são acessíveis.

2) Green-markets ou feiras verdes em Manhattan onde os fazendeiros da região trazem seus produtos para serem vendidos diretamente aos consumidores exigentes. Os “pequenos sitiantes” do estado de NY estão felizes.

3) Grandes mercados informam nas prateleiras tudo sobre o produtor. Em um deles, o Whole Foods, tem até foto do sitiante com seu gado no pasto!

4) Conversas e mais conversas sobre alimentação. Acredito que comida seja um dos assuntos preferidos do Novaiorquino hoje em dia! Essa medida tiro pelas livrarias. Não há nenhum setor maior (Pode ter igual, não maior) do que o de “Cook Books” dentro das maiores livrarias.

O principal motivo de ter me tornado uma vegetariana (há cerca de 8 anos atrás) foi que não concordava com o fato de que alguns animais existissem para servir à voracidade humana, a qualquer custo. Já não sou mais uma vegetariana, pois voltei a comer peixe, há uns 3 ou 4 anos.... Respeito, e agora ainda mais, àqueles que precisam comer carne, que têm essa necessidade...Aqui aprendi muito sobre as diferenças humanas em relação à alimentação e continuo acreditando fortemente que os animais não devem servir à voracidade humana, a qualquer custo. A minha conclusão nesse assunto é que seja qual for sua preferência/opção alimentar, sempre haverá espaço para a ética! Sempre.

Me despeço dos meus queridos leitores com esse post. A estudante Maria Amora agora está devidamente diplomada. Os estudos continuam, porque novidades nesse ramo nunca deixarão de aparecer. Entrarei numa nova fase agora, profissionale logo terei prazer em informá-los o meu caminho!

Obrigado por me acompanharem nos últimos meses. Posso afirmar que saio dessa história toda com muita bagagem! E com muita vontade de desenvolver no meu país algumas coisas que vivi aqui....

Maria Amora


Vai encarar?!

As pessoas passando um tempo sob o sol....

Será que essa árvore queria ser uma jabuticabeira? Ou a jabuticabeira é que queria ter um vestido todo rosa assim?

Esse é ou não um bom lugar pra um Pic-Nic depois de uma pedalada?

Vida boa essa da bicicleta

A primavera chegou com tudo em NYC!

Em qualquer ângulo, são as flores que aparecem!

E essa beleza está em todos os jardins da cidade

Tulipas...
Depois de tanto frio... é assim que os Novaiorquinos querem estar.

Eu não me canso de achar esse lugar lindo.

A liberdade da mente é o começo de todas as outras liberdades.

Eu quero ver vocês garotos
Quero vê-los bravos e fortes
Mas eu também quero vê-los gentis e sensíveis.
Sejam práticos assim como generosos em seus ideais. Mantenham seus olhos nas estrelas e os pés no chão.
Coragem, trabalho forte, autodomínio e inteligência
são todos essenciais para uma vida de sucesso.
Caráter na estrada é o fator decisivo na vida de um indivíduo e também das nações.

16 comentários:

  1. maria cecilia cencini8 de abril de 2012 às 18:01

    Vai voltar, flor? Quais são os planos?
    Bj. Sdds.

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    1. Por enquanto não volto.... Mas assim que chegar, Andiomo bere uno capuccino, presto!!!
      Uno baccio!
      Thais

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  2. Adorei esta visão, deste espaço do mundo no Mundo, que é NYC, através de Maria Amora.
    E mais uma vez levando foto de bike... :))
    Sigamos com caráter... E muito respeito!
    Parabéns pelo diploma.
    Kiss you Mary!
    Fino al prossima meta... ;)

    Marcos Liotti

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    1. Meu querido Marcos Liotti:
      A bike me dá a velocidade ideal para apreciar o mundo, de forma mais acelerada... porque tenho tanto o que ver ainda!
      Um beijo!

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  3. Parabens minha queridaamorosa MAmora ! Alcançaste teu ideal e realizaste este teu sonho. Sim !! Sempre na direção do amor e com muito caráter. Deus sempre ampara e esquadrinha nossos corações. E o teu ele conhece direitinho. Agora, faça teu merecido TOUR com aquela maravilhosa Pernambucaninha Dra. Dany , e volta porque tamo com saudades !! Beijos

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    1. Papa,
      Sem você eu não seria nada...
      Obrigado!

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  4. Querida Maria Amora...estamos com saudades...
    Espero que vc volte com a sensação de dever cumprido, e principalmente com um sonho realizado (é o que importa). Todos os seus "posts" são incríveis, mas esse em especial, muito emocionante. As fotos estão sensacionais! Parabéns! Volte logo, estamos te esperando! Beijos

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    1. Ter amigos como você, Helena, é o que me faz querer voltar!
      Um beijo....
      Meu novo sonho é ver algumas coisas que vi aqui... começarem no Brasil daqui a pouco! E, quem sabe, eu possa dar meu pequeno empurrãozinho pra pelo menos uma parte disso acontecer rapidinho...!
      Um beijo;

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  5. Adorei este post, que fala de Caráter!! e quanto devemos passar isso aos nossos filhos, assim como herdamos de nossos pais!! Muito orgulhoso de ter herdado isso junto à você, na mesma criação!!hehe, "pobre" de quem não têm, pobre de alma, pobre de espírito,.. mas vamos seguindo fortes!!... as fotos estão maravilhosas, estamos com muitas saudades já!!Beijão!!

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    1. Valeu Paulo...! Sou muito feliz por tudo isso também!
      AH! Avisa a dona Catarina que a Backyardigans (como escreve isso?) preferida dela vai sair da tela do computador pra vida real, em breve... rsrs
      Beijão

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  6. NY e suas cores!!! Combinam com seus posts!! Perfeitos!
    bjo

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    1. Mi... minha mais assídua leitora e comentarista!! Valeu querida!

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  7. Linda Maria Amora! Adorei o post.
    Há alguns anos li um livro psicografado do Ramatis que dizia que uma energia negativa impregnava a carne dos animais no instante em que eram abatidos e a conseqüência da ingestão era que se criava na aura humana um mal ao qual ele chamava de “morbo”. Veja só: dizia ainda que aquelas pessoas fanáticas por um pernil, um toucinho, uma costela suína, adquiriam ao longo dos anos uma configuração semelhante à do porco que poderia ser percebida por pessoas mais sensíveis. E que o mesmo acontecia aos bovinófagos, caprinófagos e demais animalófagos. Não sou vegetariano. Mas prefiro, também, um peixinho.
    O papo do cara “impregnou” foi a minha cabeça e, em uma noite de costumeira insônia, fiquei tentando relacionar caras a bichos. Lembrei-me de um amigo, chamado David que tinha uma forja de ferreiro onde durante e após o expediente, diariamente, botava uns pedaços de porco para tostar, comer, e oferecer aos amigos. Muitos dos quais freqüentava o lugar apenas em função da oferta grátis de nacos suínos. O talzinho era o próprio leitão. Coitado. Grosseiro... Quando saía da forja para ir ao boteco beber, seu nariz levava o negrume da fumaça. Daí então não precisava ser muito sensível para perceber a semelhança.
    Assim me lembrei do Luiz Alfredo, com quem dividia a mesa do refeitório da Rhodia. Quando a mistura era frango ou peru – este apenas às vésperas do Natal – eu trocava meus pedaços com o sorvete da sobremesa. O apelido dele era “Pardal”. Numa alusão clara ao seu semblante avícola. Outro assim é o grande jogador Zico que diz não passar um dia sem uma avezinha na refeição. O apelido dele é “Galinho de Quintino” (procure por essa alcunha). Já meu colega de banco, o Celsinho disse que, para ele jantar não era jantar não tivesse uma asa, uma coxa, um peito de galeto. Chamávamos o garoto de Zico. Era sósia do craque.
    Por outro lado, nos anos oitenta houve uma epidemia de garotos que, embora os pais fossem de estatura normal eles eram como buriti sem copa, cabo sem vassoura, espanadores da lua. Li uma reportagem que informava que era em função do excesso de hambúrgueres, que tava na moda na época, com a vinda dos fast foods. A carne daqueles sanduíches era advinda de bovinos tratados com os hormônios de crescimento dos seres humanos, que faziam com que se adiantasse o tempo de abatimento.
    O mesmo ouvi de meninas que menstruavam na infância em função de hormônios femininos dados às poedeiras para porem mais cedo. Elas eram suscetíveis aos ovos dessas franguinhas e aos seus derivados
    Com relação ao caráter da sociedade americana, tenho a dizer que nós, brasileiros, desde pequenos somos levados a nos comportar de forma a agradar o semelhante, sermos aceitos e queridos permitindo que esse afã nos domine constantemente. E isso nos inibe em duas preciosidades: a liberdade e a criatividade, Cê não acha?
    Tô me estendendo muito. Pra finalizar, vamos apenas lembrar que Cristo que era Cristo multiplicava pão, vinho e peixe. Não me lembro de que ele houvesse multiplicado porco, vaca, cabrito ou galinha.
    Beijão saudoso do tio matuto.

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    1. Ah meu tio Matuto...
      me deliciei com seu comentário.... Que é também um grande presente de um grande poeta/compositor/escritor pra essa pretendente à escritora aqui por ora estacionada na Big Apple.
      Tio... assim você me dá distração pra mais de mês...:
      Há algum tempo tenho uma teoria de que uma banda de Blues só é boa se eu conseguir identificar um cachorro em cada componente (Não sei a origem disso...). Recentemente num bar chamado Terra Blues aqui em Manhattan encontrei a banda de blues perfeita, que é assim:

      baixista - é aquele Rotweiler que comeu demais, sabe? que antes era bravo... mas que a idade e a rotina amansaram...

      Bateirista - é aquele cachorro grandão, com uma cabeça pequena... desproporcional. Mas muito ágil porque a cabeça pequena permite pular mais alto.

      Guitarrista ( o que fica no fundo do palco) - é aquela raça Shnauzer (não sei como escreve), aquele que tem uma barbinha cinza. Parece ser o mais inteligente e o mais equilibrado, principalmente (toda banda precisa de um).

      Guitarrista principal - esse é o vira-lata. Geralmente o mais agitado de todos! Pula, é sem modos e tem toda aquela pinta "da rua"!

      AHAHAH

      Agora, com a sua teoria, o que devo pensar?

      Serão esses músicos espíritos reencarnados de cães... ou descendentes de coreanos que se alimentaram de cachorros (Isso é preconceito? Acho que eles comem cachorro na Coreia não!?)
      Estou confusa...

      Mas no final concordo plenamente... Jesus Cristo não multiplicou nenhuma bistequinha de porco.

      Um beijão no coração!

      Vou tentar conseguir um trecho da banda de blues pra vcs conferirem aqui no Blog... Talvez meu amigo Fernando Pilatos tenha alguma coisa!

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  8. Tata querida!
    Na vida fiz pouco do que eu gostasse pra sobreviver. O que me agradava era a companhia dos amigos poetas, criadores. Mas a vida é madrasta. De forma que, para fugir da neurose, da competição, da produtividade industrial e das metas, acabei vindo pro interior. Sério! Queria mesmo era trabalhar pouco, morar no mato e ganhar bem. Acabei apenas conseguindo morar no mato.
    A Divindade é prodigiosa.
    Pois não é que conquistei uma linda nativa, domei, domestiquei, alfabetizei, catequizei, dei-lhe um nome cristão e hoje é minha mulher, com quem, entre guassatongas, liames, cipós, e paus-de-flor conseguimos criar três bacuris hoje já casados.
    E estamos sozinhos.
    Aquele comentário que eu fiz, não é meu. É do “espírito” chamado Ramatis. Transcrevi por que me encantou a idéia. Achei que tinha a ver e que você gostaria.
    Quando estive em Iranduba, Amazonas, lendo os livros da biblioteca do Ananias, sogro do Ruy – lembra do Ruy? – novamente me defrontei com esse espiritão. Ali li que os peixes – muitos, talvez a maioria deles, vivem em cardumes. - O que é que o cara vai fazer na encantadora Amazônia, Senhor... ler abobrinhas? - E o espírito – diz ele - não é individual, mas coletivo. Assim como uma maçã pertence a uma macieira. Ela não é a árvore. A idéia que ele queria passar era a de que quando você apanha um peixe você não está destruindo um indivíduo, mas uma, digamos, fruta. O pé de fruta, o cardume, continua sobrevivendo. Não é a garrafa de vinho que você bebe, mas “da” garrafa de vinho.
    Falando em vinho, um dia fui com o Nésio na casa do Mingo. Era domingo. Sem trocadilho. Estávamos lá o Mingo, o Nésio, o Constante e eu. Conversando delícias unusitadas da época. Ouvindo o maior contador de histórias que conheci e tomando um vinho branco gelado. Das dez à uma da tarde, quando a Iraci serviu macarrão à alho e óleo.
    Tudo era uma droga.
    A droga mais deliciosa que eu curti na minha vida. Foi isso. A deliciosa droga da juventude.
    Sempre te lendo. Beijo.

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  9. Lindo post, amiga! Parabéns pela conquista e pelo blog maravilhoso!
    Estou orgulhosa de você! Beijos.

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